Os pesquisadores constataram que esse é o terceiro ecossistema
brasileiro mais degradado, atrás apenas da Mata Atlântica e do cerrado.
50% de sua área foram alterados pela ação humana, sendo que 18% de forma
considerada grave por especialistas. A desertificação, encontrada
principalmente em áreas onde antes se desenvolvia o plantio de algodão,
apresenta-se bastante avançada.
Além do desmatamento, um sério
problema enfrentado por esse domínio é a caça aos animais, única fonte
de proteínas dos sertanejos que residem na área. A percentagem das áreas
de caatinga protegidas por reservas e parques é ínfima: 0,002%, segundo
o Ministério do Meio Ambiente.
"Precisamos mudar esse patamar de
proteção para não perdermos espécies que ocorrem apenas na caatinga",
declarou a diretora de Áreas Protegidas do Ministério, Inah Simonetti.
O
Ministério do Meio Ambiente já declarou seu interesse em transformar a
caatinga em patrimônio nacional e assumir para si a responsabilidade da
proteção. Que o gesto não sirva apenas como um reconhecimento tardio
pelo governo do único bioma exclusivamente brasileiro. este patrimônio
encontra-se ameaçado. A exploração feita de forma extrativista pela
população local, desde a ocupação do semiárido, tem levado a uma rápida
degradação ambiental. Segundo estimativas, cerca de 70% da caatinga já
se encontra alterada pelo homem e somente 0,28% de sua área encontra-se
protegida em unidades de conservação. Em 2010, no primeiro monitoramento
já realizado sobre o bioma, constatou-se que a caatinga perde por ano e
de forma pulverizada uma área de sua vegetação nativa equivalente a
duas vezes a cidade de São Paulo. A área desmatada equivale aos
territórios dos estados do Maranhão e do Rio de Janeiro somados.
O desmatamento da caatinga é equivalente ao da Amazônia, bioma cinco
vezes maior. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, resta 53,62%
da cobertura vegetal original. A principal causa apontada é o uso da
mata para abastecer siderúrgicas de Minas Gerais e Espírito Santo e
indústrias de gesso e cerâmica do semiárido. Os dois estados com maior
incidência de desmatamento deste tipo de bioma são Bahia e Ceará. A
caatinga perdeu 45% da área original.
Estes números conferem à
caatinga a condição de ecossistema menos preservado e um dos mais
degradados conforme o biólogo Guilherme Fister explicou em um recente
estudo realizado na Universidade de Oxford.
Como consequência
desta degradação, algumas espécies já figuram na lista das espécies
ameaçadas de extinção do IBAMA. Outras, como a aroeira e o umbuzeiro, já
se encontram protegidas pela legislação florestal de serem usadas como
fonte de energia, a fim de evitar a sua extinção. Quanto à fauna, os
felinos (onças e gatos selvagens), os herbívoros de porte médio
(veado-catingueiro e capivara), as aves (ararinha azul, avoante) e
abelhas nativas figuram entre os mais atingidos pela caça predatória e
destruição do seu habitat natural.
Para reverter este processo,
estudos da flora e fauna da caatinga são necessários. Neste sentido, a
Embrapa Semiárido, UNEB e Diretoria de Desenvolvimento Florestal da
Secretaria de Agricultura da Bahia aprovaram o projeto "Plantas da
caatinga ameaçadas de extinção: estudos preliminares e manejo" junto ao
Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), tendo por objetivo estudar a
fenologia, reprodução e dispersão da aroeira do sertão, quixabeira,
imburana de cheiro e baraúna na Reserva Legal do Projeto Salitre, em
Juazeiro, na Bahia. Este projeto contribuirá com importantes informações
sobre a biologia destas plantas e servirá de subsídios para a
elaboração do plano de manejo destas espécies na região. Cerca de 930
espécies vegetais são encontradas somente na caatinga baiana, sendo 320
exclusivas. A flora dos sertões é constituída por espécies com longa
história de adaptação ao calor e à seca, logo, é incapaz de
reestruturar-se naturalmente se máquinas forem usadas para alterar o solo. A degradação é, portanto, irreversível na caatinga.
Devido
o homem não intervir de significativa maneira em seu habitat, o
ambiente natural da caatinga encontra-se pouco devastado. Sua região
poderia ser ocupada mais a nível agrícola, em virtude do seu solo
possuir boas condições de manejo, só necessitando de irrigação
artificial. De fato a transposição do São Francisco tentou viabilizar
isto embora o planejamento e a execução do projeto tenham causado mais
impacto ambiental a esse ecossistema frágil.
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